No fundo, as críticas que eu tenho a fazer não são novas. Escrevi a 14 de Janeiro deste mesmo ano, a propósito do candidato presidencial Dr. Fernando Nobre, que o senhor era, enquanto candidato, "um puto mal-comportado". Acabei por não desenvolver muito essa ideia, mas o que tinha em mente nessa altura prendia-se basicamente com o facto de o Dr. Fernando Nobre, esse apartidário, esse apolítico, esse crítico das mais básicas e das mais importantes instituições do nosso sistema democrático, os partidos, já tinha sido mandatário de tudo e mais umas botas, do Bloco de Esquerda ao Partido Social-Democrata. De todos os partidos com assento parlamentar, aliás, directa ou indirectamente, o Dr. Fernando Nobre só não foi mandatário de nada pelo CDS, pelo PEV e pelo PCP. O Dr. Fernando Nobre é um puto mal-comportado da política porque não sabe a quantas anda. Tão depressa é de esquerda, como de seguida é de direita, como de seguida rejeita isso tudo e o seu passado político para se declarar como independente, como de seguida é candidato a deputado (e a Presidente da Assembleia da República) pelo PSD, como ainda antes de ser eleito diz que é um homem de esquerda e provoca uma valente enxaqueca a todos os que o tentam analisar politicamente, este vosso amigo incluído. Não obstante, tentá-lo-ei.
O Dr. Fernando Nobre, animal político, é uma espécie demagógica, populista, eleitoralista, portadora de Alzheimer e sedenta de poder. É uma espécie híbrida, não alargada no espectro político como se poderia pensar, mas estreita e indecisa, ora à esquerda, ora à direita.
O Dr. Fernando Nobre prometia, enquanto candidato presidencial, as coisas mais demagógicas e intolerantes em democracia que se podiam imaginar (e que podem ler no link acima, no meu post sobre esse assunto). Agora, enquanto candidato pelo PSD, promete coisas radicalmente diferentes, nomeadamente a privatização de sectores estratégicos do Estado, fundamentais para a constituição de riqueza. Claro que mais ficará de fora quando se souber o programa do PSD, até agora envolvido em mistério, em parte por causa do tempo que ainda falta para as eleições, em parte por causa de todas as contradições ideológicas de que o partido sofre.
O Dr. Fernando Nobre sabia, mais grave ainda, que 90% das coisas que prometia se fosse eleito Presidente da República não seriam viáveis e eram próprias de alguém anti-democrático. Mais ainda, numa ânsia de ganhar a simpatia dos portugueses, não hesitou em sacar da carta do seu passado. Acusou até, em debate, Francisco Lopes, candidato apoiado pelo PCP e pelo PEV (e, informalmente, pela Ruptura/FER, mas o BE não deve gostar muito que se fale nisso), enquanto deputado, de nunca ter criado nenhum emprego em Portugal, ao passo que ele, enquanto fundador e Presidente da AMI já tinha criado uns quantos mais. Abstraindo-nos do facto de a AMI funcionar também muito à base do voluntariado, seguindo a lógica do Dr. Fernando Nobre, então deveria ser o Belmiro de Azevedo ou o Pinto Balsemão o Presidente da República. E, já agora, porque não transformar isto numa plutocracia formal e inserir isso na constituição? Já agora havia mais transparência da parte de quem ocupa, geralmente, os lugares de poder.
Mas dizia o Dr. Nobre isto tudo porquê? Porque queria ganhar votos. Tão simples como isto. Ele sabia que não ia poder cumprir nada do que foi prometendo ao longo da campanha eleitoral. Ele apenas queria ganhar as eleições, só porque sim. Só porque queria ser Presidente da República.
E tem sede de poder. Não ficando satisfeito com uma derrota nas Presidenciais, logo, derrotado na corrida para primeira figura do Estado, entra na corrida para segunda figura do Estado e vice-Presidente da República. Que é, já agora, quem mais ganha na Assembleia da República.
Em analogia, é a típica criança que promete aos pais fazer os trabalhos de casa, sabendo que não prestou atenção à aula e não sabe um corno da matéria, pede um chupa daqueles redondos e bem grandes numa loja de doces, não o ganha, faz birra, diz que não gosta dos pais, mas logo está a bajular a mãe para que lhe compre antes um saquinho de gomas.
Não me surpreendeu, esta atitude do Dr. Fernando Nobre. Foi-me indiferente. Não é nada de que eu, ao contrário de muita gente, não estivesse à espera. Cheguei a comentá-lo com pessoas próximas e a escrever sobre isso num comentário num blogue pró-Nobre (ao que fui completamente insultado e linchado em praça pública). Sinceramente, pior que alguns partidos políticos, só alguns políticos. Não são os partidos, num país com um regime como o nosso, que são uma ameaça à democracia - são os plutocratas, demagogos, eleitoralistas, populistas, proto-fascistas como o é o Dr. Fernando Nobre. E se alguém quiser que eu não fale, só com um tiro na cabeça é que eu me calo.
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