2011/05/01

Porque não ser de esquerda

Mais do que "porque não ser de esquerda", antes, talvez a pergunta a ser feita seja "para quê ser de esquerda?". E é uma pergunta que trás um duplo sentido: para quê ser de esquerda se quem nos governa desde 1926, primeiro mandato de Salazar à frente da pasta das Finanças, é de direita, e, para quê ser de esquerda, ponto. Para o primeiro "para quê" a resposta é muito simples. Não faz sentido ser-se de esquerda porque a direita trás o conforto do que já é conhecido. PS, PSD e CDS-PP já são conhecidos em cargos governamentais e já se sabe o que se espera. Ainda que os direitos sociais diminuam, ainda que o país possa cair num poço por má gestão, ainda que se possa voltar a tempos remotos onde só quem tinha dinheiro é que tinha saúde e educação, ainda assim, antes o conforto da imutabilidade. Para quê, então, ser de esquerda, de todo? Para quê ter-se a confiança de que os nossos direitos são salvos, se vão ser espezinhados mais cedo ou mais tarde? Assim, não vale a pena, sequer, ter direitos!

O que nos leva ao próximo ponto. Porque não ser de esquerda. Ora, não vale a pena ser-se de esquerda se não se quiser ver o aparelho produtivo nacional a ser desenvolvido - só a direita é a garantia da sua destruição em prol das grandes multinacionais estrangeiras que comem a mão de obra barata em Portugal. Não vale a pena ser-se de esquerda se se quiser pertencer à minoria que mete milhões ao bolso sem pagar impostos - os banqueiros: só a direita garante transferências seguras para offshores e que os grandes accionistas continuem a ganhar os seus milhões sem serem justamente distribuídos pelos trabalhadores ou investidos na criação de novos postos de trabalho. Não vale a pena ser-se de esquerda se se quiser pagar cada vez mais pela educação dos vossos filhos e netos, sem qualquer apoio social ou garantia de gratuitidade da frequência nas escolas - só a direita consegue fazer com que o ensino seja tendencialmente pago, sem apoio social na compra de manuais e material escolar. Não vale a pena ser-se de esquerda se se acha que o Serviço Nacional de Saúde não tem condições nem precisa de ser melhorado, porque se tem dinheiro para se ir a um hospital particular - só a direita é que quer acabar com o SNS. Não vale a pena ser-se de esquerda quando não se é precário nem se quer que estes trabalhadores tenham direitos iguais e justos - só a direita quer mais precários para os patrões gastarem menos e explorarem mais. Não vale a pena ser-se de esquerda se não se quiser um diálogo activo e construtivo com os sindicatos na procura de melhores soluções para os trabalhadores do país - só a direita ignora consecutivamente os maiores representantes dos trabalhadores portugueses. Não vale a pena ser-se de esquerda quando não se quer que toda a gente, independentemente do género, nacionalidade, religião ou orientação sexual, tenha os mesmos direitos - só a direita consegue atropelar os direitos das mulheres, ser contra a imigração, a favor de uma educação e de uma sociedade cristãs e contra os direitos de lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros e transexuais. Não vale a pena ser-se de esquerda se não se quiser que a riqueza seja bem distribuída entre todos, de forma igual - só a direita tem o poder de concentrar a riqueza numa pequena minoria, mas ser insensível aos milhões de pessoas no limiar da pobreza. Não vale a pena ser-se de esquerda se não há uma preocupação com a falta de investimento no emprego no nosso país - só a direita tem a estrondosa capacidade de olhar para o lado quando vê uma família com o casal desempregado a recorrer ao Banco Alimentar Contra a Fome. Não vale a pena ser-se de esquerda quando se quer ver um ambiente destruído e um desenvolvimento insustentável do ponto de vista ambiental - só a direita consegue não perder horas de sono com as árvores centenárias abatidas a favor de interesses económicos.

Não vale a pena ser de esquerda. Vota direita. Vota PS ou PSD ou CDS-PP.


MAS!
Se te preocupas com o nosso aparelho produtivo, se não pertences à minoria milionária, se te preocupas com o sistema público de ensino, se queres que o Serviço Nacional de Saúde seja de qualidade e público, se te preocupas com a situação dos precários no nosso país, se achas que a defesa dos trabalhadores passa por um diálogo eficaz com os sindicatos, se queres que toda a gente tenha os mesmos direitos, se achas que a riqueza em Portugal é mal distribuída, se defendes a criação de postos de trabalho ou se queres uma defesa activa do meio-ambiente, vale a pena ser de esquerda! Vota esquerda! Vota em quem te defende! Vota em quem está do teu lado nas lutas laborais! Vota em quem te ajuda todos os dias no Parlamento! Vota em quem se preocupa contigo, jovem precário, mulher ou gay! Vota em quem defende o planeta, único que temos! Vota na esquerda se gritas "BASTA"! Mas vota. E dia 5 de Junho vota e não te esqueças de quem te defende sempre e desde sempre te defendeu. Vota CDU.

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