2011/01/30

Escrevo este post com bastante sono, sem saber bem o que escrever nem porque escrever. Isto é das coisas mais privadas que já escrevi aqui e, se uma pessoa desse lado souber decifrar é porque me conhece mesmo muito bem. Lamento, aos restantes, este post não preencher as espectativas dos anteriores, nem ser de política ou crítica social. Lamento se soar lamechas ou se, de qualquer outra forma, fugir ao tom que costuma caracterizar a minha escrita neste blogue. Lamento os erros ortográficos (ressalvando que ainda escrevo sem o novo acordo), provavelmente derivados do sono. Lamento fugir à "fórmula" de título que tem caracterizado este blogue desde há meses para cá e não escrever nenhum. Enfim, lamento tudo o que esteja ausente ou presente e que possa desfigurar o que eu costumo escrever, como costumo escrever. Obrigado, desde já, por me lerem.

Quando se deixa uma morte de uma barata a meio, pendurada, interrompida, o mais certo é que ela volte. Segundos, minutos ou horas depois, lá temos nós uma barata novamente de roda dos nossos chinelos a pedir que lhe ponhamos os pés em cima. O mesmo acontece com as chamadas paixonetas. Se não morrem na altura devida, lá regressam, sorrateiras e matreiras, como quem não quer a coisa. E se não damos conta disso, elas crescem e evoluem. Algumas crescem e evoluem tanto que nos cobrem de alto a baixo, espalham-se cada vez mais e transformam-se em paixões, umas grandes, outras pequenas. Claro que a outra escala temporal: podem ser dias, meses ou anos, e não segundos, minutos ou horas.

Há uns meses atrás tive uma dessas paixonetas. O parágrafo anterior não teria sentido se não me tivesse acontecido o que descrevi, por isso a missa já vai pela metade, perdoem-me a falta de ateísmo agora mesmo. Acontece que me vejo numa situação complicada. Já tinha tudo passado - pensava eu -, e já me tinha conformado com o mundo quando dou por mim embrulhado numa paixão imensa, gigante, com vontade de me devorar inteiro. E, claro, não fosse o mundo cruel como é, ainda por cima, estou a crer, uma paixão impossível. Tinha prometido a mim mesmo que não voltaria a acontecer, mas aconteceu. Consigo controlar-me quando estou ao pé dessa pessoa, claro, nem poderia ser de outra forma, mas os meus sentimentos são incontroláveis. Não consigo controlar o meu ritmo cardíaco acelerado, o meu corar incessante, o meu nervosismo insano, o meu rir só porque sim, a minha vontade de beijar. Não consigo parar de pensar, dia e noite, acordado ou a dormir, no que poderia acontecer se tanta coisa fosse diferente. Se a impossibilidade gigantesca que nos separa não existisse. Se eu não me controlasse. Se eu conseguisse parar de estar apaixonado. Como seria a minha vida? O que aconteceria? Como estaríamos os dois se alguma dessas coisas acontecesse? Isto assombra-me e fascina-me e desola-me. Quanto mais penso nisso, mais me apercebo que é impossível... E, no entanto não perco a paixão, não a deixo sozinha algures num café ou num banco de jardim, só porque me esqueci...

Novamente, perdoai-me a fuga aos hábitos. Mas precisava mesmo de escrever isto tudo.

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