2010/11/11

Da NATO

O que acontece no mundo de hoje em dia é eco daquilo que já aconteceu na Grécia há muitos anos atrás. Sem entrar em detalhes que eu próprio não conheço, na Grécia antiga, no século V a.C., houve a fundação da democracia ateniense por Sólon, que lançou os pilares básicos para tal (curiosamente um desses pilares passa, essencialmente, por uma Reforma Agrária um tanto ou quanto arcaica, que se provou fortuita e correcta). Esse século V, também chamado de "Século de Péricles", teve como figura mais importante esse tal de Péricles. Importante para o bem e para o mal. Para o bem, pois construiu uma Atenas urbana, cosmopolita e ideal para a altura - com a construção das muralhas, do Pártenon e de ágoras a datar desta altura. Para o mal, pois como qualquer estadista, quis demais. Foi graças a ele que se fundou a Liga de Delos, que era constituida por várias cidades gregas, com o objectivo de defender as cidades das invasões persas, durante as Guerras Médicas. Ora, os projectos semi-megalómanos, mas de grande visão, de Péricles, tinham que ter algum tipo de financiamento. Financiamento esse que Péricles foi buscar a essa Liga de Delos, à sua armada marítima e aos tesouros comuns. Quando a ameaça persa se dissipou, Esparta e outras cidades aperceberam-se que estava ali qualquer coisa errada, que lhes faltavam uns trocositos. E, assim, começou a Guerra do Peloponeso, que acabou com a derrota de Atenas, a queda da democracia ateniense e a instauração da Época dos 30 Tiranos.

A história é familiar.

NATO. OTAN - Organização do Tratado do Atlântico do Norte.

Também começou assim, com uma ameaça estranha, exótica e oriental, a "ameaça" comunista. Os diversos países que aderiram à organização tinham uma coisa em comum: lutar contra o Tratado de Varsóvia. Assim, uma Atenas surgiu - os EUA. Hoje, com as "ameaças" da União Soviética e do Tratado de Varsóvia dissipadas, o que resta? Resta a NATO. Resta a "nossa" Liga de Delfos da época contemporânea. Resta a "nossa" Atenas, grande, gloriosa, com líderes 'de topo'. Sob a capa das ameaças terroristas e de outras etiquetas afins, a NATO tem conseguido resistir, intacta, e ainda nenhuma Esparta surgiu. No fundo, é a história, como sempre, a repetir-se. Quando uma Esparta se voltar contra os EUA, mais alguns aliados, a Atenas contemporânea não vai resistir. A hegemonia estadunidense (sim, mais uma vez reforço, não digo 'americanos' - América é o continente, o país é Estados Unidos da América) vai acabar, um novo conceito de Ordem Mundial vai surgir e espero, sinceramente, que isso signifique a independência, a liberdade e a soberania de todo e cada país. Porque os tiranos de agora são os EUA e os seus leões adestrados da NATO.

Mas por mais que um leão seja domesticado, um dia revolta-se contra o dono.
E os estragos são feios.

2 comentários:

David Carrão disse...

É irónico como, apesar de tudo, tu és um escritor nato.

Tiago Emídio Martins disse...

Hehehe! Obrigado!

Abraço e...

O QUE É QUE RAIO É QUE ESTÁS AQUI A FAZER NESTE BLOGUE EM VEZ DE ANDARES A FESTEJAR OS TEUS 18 ANOS?!