Imaginem um violino desafinado. Se for para a orquestra, sobressai pelo mau som que faz em comparação com os outros. Mas se, numa orquestra só de violinos, estiverem todos desafinados da mesma maneira, até poderá parecer que tudo está a correr bem. Mas não está, e é a ilusão do bem que a pessoa tem, não o bem propriamente dito.
Imaginem agora a Assembleia da República como uma orquestra. Estão lá representadas tantas forças políticas... Temos os democratas-cristãos, os neo-liberais, os outros neo-liberais, os comunistas, os trotskistas e os ecologistas. Só que há, nessas forças, uns que desafinam mais que outros. Os neo-liberais. Esses desafinam muito. Enquanto que os outros afinam de maneiras diferentes, os siameses neo-liberais desafinam muito. Os comunistas, os ecologistas e os trotskistas costumam estar a tocar a Abertura de 1812 de Tchaikovsky, embora os trotskistas, de vez em quando, se ponham a tocar a 9ª de Beethoven. Os democratas-cristãos lá se põem a tocar o Outono de Vivaldi, diferentes e alheios aos outros. Os outros tocam mas é um cocó.
E era enquanto construia esta metáfora, já com uns dois ou três anos, que eu me apercebi que gostava muito da Abertura de 1812 de Tchaikovsky, mas que não foi algo feito por mim. É algo que está lá, é a minha peça de música clássica preferida, mas não fui eu quem pegou nas folhinhas e que pôs os pontos e os riscos no sítio. Até me posso inscrever como músico num dos concertos, mais notavelmente naquele que todos sabem que eu gosto, mas, creio, nunca me sentiria completamente satisfeito.
Assim, estou em vias de cumprir um sonho. Sim, é estranho uma pessoa, ainda para mais um jovem como eu, ter um sonho ligado à política. Mas já viram que eu gosto e interesso-me muito pela política e, isso, meus caros, ninguém me tira.
Anuncio, então, o lançamento da primeira pedra que é a criação, pela minha mão e pela de quem mais quiser contribuir, de um partido político. As suas características vão ser especiais e, creio, únicas. Prontamente procederei à sua divulgação, mas em pouco ou nada têm a ver com o que é escrito por aqui. Não tem nada a ver com os partidos que já existem, nem pouco mais ou menos. Não tem a ver com qualquer tipo de corrente ou ideologia política - tem a ver com uma coisa tão simples que até enjoa. Num futuro próximo o verão. Até lá, aguardem.
Sem comentários:
Enviar um comentário