Diz-nos a ONU que os pobres vão passar a ser só 15% da população em 2015. Isso significa, segundo os dados estatísticos da ONU, que vai cair para 15% o número de pessoas a viver com, pelo menos, 1,25 dólares por dia. Pouco mais de 35 dólares por mês, cerca de 450 dólares por ano. Um ordenado mínimo por ano. Esses 15% da população mundial são ainda cerca de 900 milhões de pessoas, ou noventa vezes um Portugal. A viver com pelo menos 1,25 dólares por dia. De notar que esse pelo menos tanto pode significar 1,25 dólares como 1000 dólares, como há gente que vergonhosamente o ganha sem mexer uma palha. Não se trata já de estatística completamente alienada; trata-se de um complô entre uma instituição supostamente neutra - a ONU - e o grande capital e as grandes empresas e a grande banca, que tenta convencer as pessoas que é possível viver com dignidade, ou simplesmente viver, com 1,25 dólares por dia, 35 dólares por mês, ou 450 dólares por ano. Os que ganham 1000 dólares por dia (ou mais!), que passem bem sem os seus armanis ou os seus bê-éme-dablius, que eu perfiro ver um banqueiro (ou, já agora, um administrador, um corrector, um especulador, um ministro ou um boy...) esfarrapado que uma família africana com fome.
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