2010/11/24

Do Estado da Nação

Não é muito complicado de definir como está a Nação. Está de rastos. Está doente. Está débil. Não vai ser com austeridades para o povo que a Nação se vai levantar. O que é que pode ser responsabilizado?

Bem, do ponto de vista do Governo, do PS e do PSD, a culpa é do povo. Não, nunca dos ricos. Não, nunca dos administradores que ganham milhões. Não, nunca de nós próprios que estamos cá, mas somos tão estúpidos que não sabemos o que fazemos. A culpa é do povo, que não é rico e não pode encher o cú de dinheiro aos ricos e poderosos, aos patrões e aos grandes grupos económicos. Não, esses sacaninhas, que só sabem fazer greves e manifestações, esses é que têm a culpa de tudo.

O Governo que hoje temos é ridículo. Outrora usei já outros insultos, como estúpido ou idiota, mas hoje acuso-os de serem ridículos. São tão ridículos que não se apercebem que, de cada vez que algum dos seus membros fala, ou sai asneira ou sai um qualquer vómito intelectual. Eu tomo o sorriso pateta do primeiro-ministro como um insulto pessoal. Cada vez que lhe perguntam acerca de alguma coisa, lá está ele com o seu sorrisinho irónico. E é por isso que eu não me coibo de o insultar também. O mesmo para os outros que lá estão também.

E, como eu, toda a gente o deveria fazer, sem medo, dizer as verdades aos senhores que têm o poder.

A Nação está de rastos. Os Bancos Alimentares e as instituições de solidariedade social têm cada vez mais procura. O subsídio de desemprego é cada vez mais negado a mais gente - sim, a essa mesma gente que contribuiu com os seus impostos e que fica sem direito a uma coisa fundamental: a viver condignamente. E depois temos ministros a dizer que há cada vez menos inscritos nos centros de emprego. Pois, se eu restringir o consumo de torradas, também aposto em como há menos gente a comê-las! 
O ensino é uma anedota e a culpa não é dos professores porque não querem ensinar, nem dos alunos porque não querem aprender - a culpa é do ministério da educação e de toda a equipa mentecapta que está à sua frente. Os programas escolares, com as Novas Oportunidades e todas as outras falácias e erros, já se provaram ser inadequados - teórica e empiricamente! Toda a burocracia que os professores têm que enfrentar é um atentado de papel ao seu trabalho e à sua profissão!
A saúde é, cada vez mais, mais estrita. Acabam-se os apoios aos medicamentos e a exames essenciais. Com que objectivo? Matar a população idosa e enferma toda de uma vez para Portugal subir nas estatísticas?
Ah, pois, as estatísticas. O grande objectivo do Governo - ser bem visto nas estatísticas! Se isso implicar espezinhar milhares ou milhões de pessoas - como implica - espezinha-se - como se está a espezinhar. Somos bombardeados diariamente com notícias de que Portugal subiu/desceu em determinada estatística. Logo a seguir, tenha sido bom ou mau, temos o ministro da economia, ou monstr... perdão, ministro das finanças, ou o da presidência ou um outro qualquer a regozijarem-se porque estamos bem, ou porque poderíamos estar bem pior. Bem, não é de todo mentira - quando alguém se parte todo num acidente de automóvel, podia ser pior, podia estar morto.
Temos depois o ambiente. Talvez o campo onde nos estamos a sair melhor, sendo líderes mundiais em energias renováveis. Sendo assim, porque diabo é que a conta da luz aumenta de X em X tempo? (Mas deste ministério gosto de uma coisa em particular, da coincidência que há entre o ministério - ambiente - e o nome da ministra - Dulce Pássaro. Hehehe!)
O ministério da ciência e do ensino superior, roça o caricato. Se, por um lado, estamos a investir mais na primeira parte, por outro lado o que é investido na segunda é clara e inequivocamente insuficiente. E espanta-me muito depois quando se diz que a universidade não é para todos. Que é preciso mão de obra não qualificada. Que só quem pode é que vai para a faculdade. Este tipo de argumentação mete-me tanto nojo que nem sei por onde começar. Que tal começar por dizer que os países que apostam verdadeiramente no ensino universitário são aqueles que têm menor taxa de desemprego? E que a esses mesmos países não falta mão de obra, qualificada ou não, para todos os trabalhos? Ou que grande parte desses países são dos que têm as propinas mais baixas ou inexistentes?
No que toca à justiça, à defesa e às forças de segurança o sentimento que se tem é que são cada vez mais politizadas. Temos criminosos que saem em liberdade porque pertencem a determinado partido político, mas depois temos pessoas presas e humilhadas porque afixam cartazes ou pintam murais políticos.
O que se passa na cultura é uma anedota. Os fundos já são mais que insuficientes (sei que pessoas nojentas como o Pacheco Pereira discordarão, mas estou-me pouco lixando para o que essa gentalha pensa), ganha-se cada vez menos, o seu acesso é cada vez mais difícil... É um bocado conspiração, mas eu acho que não é por uma questão de economia que cortam cada vez mais neste sector. Creio que é para manter o povo ignorante. Se o povo tem que pagar mais para entrar num museu, o povo não entra e o povo não fica mais inteligente. Com que objectivo? O controlo. Um povo ignorante é um povo fácil de controlar. Aliás, ignorantes não faltam por cá. Todas as pessoas que, em cada eleição, votam PS/PSD são a prova viva disso.

E está assim a Nação. Doente, fraca, débil. Tudo por causa da escória plutocleptocrata que nos governa, sobretudo José Sócrates, o mais escória de todos eles.

Mas é preciso mandar sinais. É preciso que a Nação diga "Nós estamos aqui e não estamos contentes". E é para isso que esta greve geral serviu. E é para isso que a manifestação de estudantes de há uma semana serviu. E é para isso que todas as demonstrações de descontentamento servem. E aconselha-se a que ouçam. Porque o descontentamento é como um elástico que vai esticando - há um dia que rebenta. E, se não nos ouvirem, vai haver um dia em que vai rebentar. E a sério.

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