2010/09/07

Dos presos políticos

Sou contra as prisões políticas, sejam em que país forem. Sejam nos "esteites", na Europa ou em Cuba. E é em relação a este último caso que quero falar hoje, que já não falo aqui neste blog há algum tempo. Pasme-se que Cuba libertou mais dois presos. Os chamados presos políticos, culpados de, citando a notícia na TSF, "delitos contra a independência e integridade do Estado, conspiração com os Estados Unidos e tentativa de minar os princípios revolucionários". Ora bem, não sou nenhum especialista em direito. Não sou, aliás, especialista em coisa alguma, mas consideremos esses "crimes" e vamos passá-los para a realidade portuguesa. Creio (falo sem certezas) que deverá ser crime aqui em Portugal atentar contra a independência e integridade do país. Creio ser também punível com prisão. Da mesma maneira, se Portugal tivesse algum país inimigo, seria mais que lógico que a conspiração com esse país desse direito de prisão. Da mesma forma, se alguém tentar minar os princípios republicanos e democratas de Portugal, julgo incorrer em crime.

Não estou a dizer que sou a favor da prisão política. Mas parece-me perfeitamente lógico a condenação pelos crimes que foram citados. Em Cuba ou noutros lugares do mundo. Não é preciso uma pesquisa muito vasta para se chegar ao número de presos cubanos nos EUA, do número de comunistas presos durante a época macartista e, ainda hoje isso acontece em qualquer país do mundo que queira manter a sua soberania. Chateiam-me os presos políticos. Mas os telhados de vidro irritam-me ainda mais.

Não sei porque o fazem assim, sinceramente. Se será ainda a muito propagandeada "comunofobia" ou se será para manter aquela imagem do "estão a ver, o capitalismo é fixe". O que é certo é que quando é Cuba a prender alguém, esse alguém é um preso político, ai jesus que foi contra o regime e agora. Quando é um país europeu ou os "esteites" a prender alguém exactamente pelos mesmos crimes, é espionagem e um atentado contra a soberania do país e há-de apodrecer na cadeia o malandro, se deus quiser. E isso é uma coisa que me faz um bocado de comichão, a distorção dos factos. E a Paula Bobone.

Claro que se uma pessoa for presa porque pertence a um partido diferente do que está no poder, logicamente que aqui ou em Cuba sou absolutamente contra e acho simplesmente lamentável que ainda se faça dessas coisas (alô Irão! Alô Federação Russa!). É o mesmo que aqui em Portugal estar a governar o PS e alguém do CDS-PP ou do PSD (partidos opostos aos meus ideais políticos) ser preso só por pertencer a esses partidos. Não aceito e vou da terra ao céu e escrevo milhões de posts, se for preciso, a denunciar essa situação. Mas não é o caso, é um caso de justiça e creio ser inadequado haver pressões internacionais a apelar à libertação dessas pessoas, quando foram julgadas à luz da lei do seu país. Se mundo fora pedissem a libertação dos arguidos no caso Casa Pia e se Portugal acedesse, caía o céu e a trindade que não podia ser. Mas como mundo fora pede a libertação de "prisioneiros políticos", mais a igreja católica, cai o céu e a trindade que tem que ser assim e ponto final, malditos comunas.

Não sou eu quem tem de julgar o que é feito, nem sou eu quem vai erguer a voz a reclamar a prisão a essas pessoas. Não, a justiça cubana decidiu prender, prendeu; decidiu libertar, libertou. Oxalá os EUA fizessem o mesmo. E, já agora, com pressões internacionais também.

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