2010/08/09

Da educação ou "O que faria se fosse eu a mandar"

Não preciso ser um génio em ciências da educação (como os há), ou um político com intenções honestas (há poucos, mas há-os), ou um economista decente (hahaha) para perceber que está tudo muito mal. Creio que posso, no entanto, como (breve) aluno de Educação Básica e recém-reformado estudante do ensino não-superior, dar a minha sugestão, o meu breve contributo e a minha visão talvez louca.

Para começar a educação deve ser gratuita a mil porcento. Cortem noutras coisas, nunca na educação. Se os manuais são caros demais para ser o estado a suportar a despesa, produza o estado manuais ou invista nas editoras. Se os materiais são demasiado caros, paciência, há-de se ir buscar o dinheiro a outros cortes. Se custa demasiado ter um aluno na escola, que cortem nas subvenções a fundações "públicas" (Fundação Mário Soares? Instituto Sá Carneiro? Pois, mas há contas que dizem que estas instituições já foram ou são financiadas pelo estado - e não é pouco), que façam investimentos públicos com fins certamente lucrativos e que, sobretudo, nunca, mas nunca, se queixem de que se gasta demais por aluno. É uma falta de higiene intelectual tremenda e um discurso profundamente porco esse de pôr o dinheiro à frente das pessoas, dos alunos e da educação.
Em seguida, partindo do principio que a educação (e a saúde, já agora) seria(m) a(s) despesa(s) prioritária(s), regressaria a colocar apoios diversos que foram retirados às escolas, por falta de financiamento - apoios esses fundamentais para o bom funcionamento, como os psicólogos, os professores de educação especial, etc.
Mexeria com toda a certeza na questão dos ciclos. Já ouvi várias versões e a que apresento não sei se já foi lançada para a mesa ou não, que é um esquema de 3+2+3+2+2. Sim, cinco ciclos, ao invés dos quatros (três mais secundário) que temos agora. E que seriam assim: Os primeiros três anos como uma espécie de ciclo de adaptação à vida escolar, onde seriam abordadas as três disciplinas fundamentais, com forte incidência em todas, sem descurar nenhuma: o Português, a Matemática e o Estudo do Meio (no 3º ano já com início de noções de corpo humano). O segundo ciclo, do qual fariam parte o 4º e o 5º ano, era um ciclo de transição, onde, gradualmente e, até, ao longo do ano (porque não um sistema de semestres?) com disciplinas mutáveis. Assim, no quarto ano teria uma ramificação do Estudo do Meio para uma disciplina de ciências sociais e outra de ciências naturais, por exemplo, mas com outras possibilidades de ramificação. Seria aqui neste segundo ciclo, também, que seria inserida uma ou duas disciplinas de línguas. Este ciclo, para o bem-estar das crianças deveria ser leccionado na mesma escola do primeiro. O ciclo seguinte era o resultado final das ramificações do segundo ciclo com o acréscimo de uma ou duas disciplinas de artes a escolher pelo aluno. De lado fica a trapalhada do Estudo Acompanhado que se fundiria com Formação Cívica e poderia ser uma abordagem qualquer ao funcionamento prático do mundo fora da escola. O ciclo seguinte seria uma preparação para o último, que seria o de escolha. Este quarto ciclo, com o 9º e o 10º ano, teria, sobretudo, uma abordagem de caractér educativo no sentido da escolha e da cidadania. Não se descuraria nunca disciplinas fundamentais como o Português ou a Matemática, mas dar-se-ia um ênfase diferente ao longo dos semestres das diferentes áreas curriculares: quatro semestres que compreenderiam, respectivamente, Ciências Sociais e Humanas (História, Geografia, Ciência Política, Religiões Comparadas, etc + Formação Cívica), Línguas e Literaturas (Língua estrangeira, Literatura estrangeira, Lingua portuguesa, Literatura portuguesa, etc + Formação Cívica), Ciências Físicas, Naturais e Matemáticas (Matemática, Física e Química, Biologia, Geologia, etc + Formação Cívica) e Artes e Ofícios (Artes do espectáculo - sim, sou suspeito -, Desenho e Escultura/Cerâmica, Educação tecnológica, Música/Fotografia, etc + Formação Cívica - seria, provavelmente o semestre que mais escolhas proporcionaria ao aluno). Isto tudo, como preparação para o último, o quinto ciclo. Este ciclo compreenderia, não apenas a escolha de uma área (das supra-mencionadas ou de outras mais ou menos abrangentes), como também a possibilidade de escolher disciplina a disciplina, por forma a educar da maneira mais abrangente possível e dar a preparação necessária para o curso que o aluno escolher, com uma disciplina de Formação Cívica e Orientação Académica obrigatória e de cariz individual.
Neste "meu" sistema educativo, seria dada a possibilidade aos alunos de irem avançando nas matérias conforme o seu desempenho pessoal, pela ramificação que foi sempre sendo dada de ciclo para ciclo, até ao quarto e ao quinto. No quarto não havia hipótese de o aluno progredir mais que os outros, pela estrutura curricular que apresentei - teria de esperar que o semestre acabasse. No quinto, se o aluno acabava uma disciplina, era autorizado a assistir a outras e a ser avaliado nas mesmas, se assim o desejasse, com incidência nas matérias a que tinha assistido. No entanto, os alunos faltosos, negligentes, violentos ou simplesmente desinteressados, seriam convidados a abandonar as salas de aula e, consequentemente, a chumbar o ano, sem medo nem receios. Os alunos com menos capacidades teriam direito a aulas de apoio individual com um professor da área que o ajudaria ao seu próprio ritmo, mesmo que tal significasse deixar uma ou outra disciplina por fazer - poderia concluí-la até ao 12º ano.
Na avaliação, era dada a responsabilidade ao aluno, a partir do terceiro ciclo, de escolher a altura melhor para ser avaliado numa disciplina, após X aulas, devido ao sistema de progressão ser individual e poder haver alunos a acabar uma disciplina a meio do ano.

O que implicaria isto:

  • Um investimento elevadíssimo;
  • Boa vontade;
  • Muito trabalho de todos os agentes educativos;
  • Disciplina para os alunos;
  • Incentivo ao estudo e à progressão individual;
  • Formação Cívica, desde o início em Estudo do Meio, até ao 12º ano.
Seria assim que eu faria as coisas. Não me interessa saber se estou certo ou se estou errado num ou noutro aspecto: vejo este pseudo-modelo como harmonioso e nada me tira isto da ideia.

2 comentários:

AL disse...

porque um jovem que se interessa é a minha esperança em futuros melhores..
e porque te admiro, muito!
e gosto 'bué' deste teu novo blogue, 'galardoei-te/ -o com o prémio "blogue de ouro".

vai buscá-lo ao Vento, sim?
http://o-vento-que-passa.blogspot.com/


bjisss

Tiago Emídio Martins disse...

Ana, muito, muito, muito obrigado :) Já fui buscar ao 'vento' o prémio e fiquei muito feliz :D Vou já postar qualquer coisa ;)

Beijinhos!