2010/06/01

Quatro

O PCP vai apresentar quatro medidas que permitem que não haja uma redução salarial dos trabalhadores através de taxas, nem tampouco permitem que haja um corte nos serviços públicos.
São quatro medidas que, no Facebook, nos cometários às notícias e noutros sítios, estão a ser enxovalhadas por pessoas de direita que não conseguem enxergar um mundo para além do seu próprio umbigo. Porque, no fundo, é isso o que a direita é: o alimento perene dos egoístas e dos mal-informados. Infelizmente, se ainda alimentasse todos os egoístas, mas não, alimenta só os grandes e os poderosos e põe sempre e sempre a economia e o equilíbrio das finanças à custa do trabalhador comum e da justiça social.
Mas falemos, agora e só, das medidas que o PCP vai apresentar. Que, como disse, são quatro. Que vão conseguir para Portugal três mil milhões de euros.

1. Taxar todas aquelas bestiais e quase pornográficas mais-valias bolsistas em 0,1% e as transferências para os paraísos fiscais em 20%. Como se pode argumentar contra isto, explicam-me? Como é que alguém pode ser tão cego que não veja que estas medidas vão fazer ganhar ao estado milhões de euros? Milhões de euros esses que, se não forem taxados de maneira alguma, nunca irão parar ao bolso dos trabalhadores, mas andarão sim a pulular nos bolsos dos grandes ricos e administradores de alta-roda! (Contas: 140 milhões das taxas bolsistas mais 2230 milhões dos offshores)

2. Tributar extraordinariamente sobre imóveis de valor superior a 1,2 milhões de euros, automóveis de mais de 100 mil euros, iates e aviões privados, até ao final de 2013. Mais uma vez, só argumenta contra esta medida quem é cego ou quem pertence àquele 0,001% da sociedade que se dá ao luxo de ter tamanhos bens! De resto, quem é que, não sendo moldado ideologicamente, consegue argumentar contra esta medida? Para a esmagadora(íssima!) maioria da população, esta medida não afectará em rigorosamente nada, a não ser por ser uma medida que permitirá que todos os trabalhadores recebam o seu salário no final do mês, sem cortes! (Contas: Não estimadas)

3. Tributação em sede de IRC, taxando em 25% a banca e todas as empresas com ganhos superiores a 50 milhões de euros, deixando de poder usufruir de benefícios fiscais até ao final de 2013, mais o fim dos benefícios fiscais em sede de IRC à Zona Franca da Madeira. Sim, se não conseguiram argumentar decentemente contra as anteriores medidas, também não será nesta que o conseguirão fazer. Corta-se no lucro... Naquilo que veio a mais daquilo que se gastou... Um quarto disso. Da banca e das empresas com lucro acima dos 50 milhões. Quem é que tem a ousadia de ir contra isto?! Trata-se de uma questão de justiça! Quem tem mais por quem tem menos! Mas não, "nós somos de direita só porque queremos os nossos pés escovados pelos milhares de trabalhadores que temos a ganhar o salário mínimo, enquanto cada vez que vamos à sanita ganhamos um milhão!"... (Contas: 500 milhões de euros)

4. Revogação dos benefícios fiscais dos Planos Poupança Reforma. Honestamente, esta é a medida da qual entendo menos porque ainda não consegui perceber muito bem a questão dos PPR... Portanto, se alguém quiser atacar por aqui, que ataque, mas mediante o ataque procurarei informar-me e não ficarão com o rabo livre da seringa! (Contas: 100 milhões de euros)

Ora, os parêntesis que fui fazendo com as contas, destina-se a verem quanto é que vai para o Estado com cada uma das quatro medidas. No total estimado pelo PCP, temos 2970 milhões de euros, fora a segunda medida, a da tributação sobre bens privados de "alta-roda", da qual não há uma estimativa. Mas, com estas medidas, o Estado ganhará certamente mais de 3000 milhões de euros. Sem ser à custa dos trabalhadores. Sem provocar injustiças sociais. Sem se ver o país à beira do abismo e a dar o passo em frente. Sem sacrifícios de todos os contribuintes que, de uma forma ou doutra, não ganham já o suficiente, quanto mais vendo o seu salário reduzido e o IVA a aumentar... Esta é uma medida justa, quer a direita queira, quer a direita não queira. Se estas medidas forem negadas a Portugal, há, com certeza, uma desonestidade abismal por parte de quem diz que quer o bem do povo, mas depois o que quer é ver os seus bolsos cheios. Se estas medidas forem negadas a Portugal, ver-se-á o tango que aqueles dois e mais uns quantos vão dançar.

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