Portugal tem excelentes desportistas noutras modalidades para além do futebol: no hóquei, no triatlo, por exemplo, e a equipa de rugby, formada apenas por desportistas amadores, até já conseguiu ser uma vez apurada para o mundial dessa modalidade! No entanto, só no futebol é que há aquela movimentação de gentes. Começo a pensar, só para mim e sarcasticamente, um grande "Ainda bem, ufa". Porque se as pessoas começam a apoiar à séria, à grande e à francesa os outros desportistas das modalidades em que Portugal é realmente bom, se calhar começa a desvanecer-se a qualidade nesses desportos que nos dão o prestígio que realmente merecemos enquanto povo atlético.
Se me perguntarem se eu fico feliz se a selecção portuguesa de futebol vencer o mundial, eu digo que sim. Mas direi que não se me perguntarem se fico desiludido ou triste se a selecção não ganhar nada. Mas fico infinitamente mais feliz com uma medalha de ouro do Nélson Évora ou uma simples qualificação para o mundial d' Os Lobos e, de novo, nada desiludido ou triste se, por acaso, esses objectivos não forem atingidos. É um divertimento ver um desporto ou praticar um. Não é uma honra de reis. Da mesma maneira que o resto da população trata os judocas, os jogadores de hóquei e de rugby, os triatletas, os nadadores e os outros desportistas que não sejam futebolistas no geral, eu trato estes ultimos. Não é uma questão de fazer justiça pelas próprias mãos ou de frivolidade ou de (tal não é a demência de algumas gentes que vêm futebol) traição à pátria. É simplesmente achar o futebol dos desportos mais idiotas que poderiam ser inventados e sem complexidade nem destreza mental nenhuma. E sim, acho que os fora-de-jogo e outros aspectos técnicos do futebol são apenas uma medida cosmética para tentar introduzir alguma complexidade a um jogo que, se se pensar um bocadinho, não requer mais destreza que aquela que um corredor consegue dar, por exemplo. A ideia do futebol, em mim, simplesmente não pega. E não vai ser neste mundial que vai pegar.
E, já que falei em "traição à pátria" ali em cima, gostava de ouvir de quem acusa quem não torce pela selecção de ser traidor, argumentar o seu sentido de "traição" e o seu sentido de "pátria". Se traição é não gostar de futebol e ser particularmente chato no que toca à atenção que é dada a outros desportos tão ou mais interessantes, então sou traidor. Se a pátria é um grupo de onze fulanos a dar pontapés num objecto redondo, então sou apátrida. Se ser patriota é soprar feito doido uma corneta e berrar freneticamente para a televisão, pintar a cara de vermelho e verde, vestir a bandeira nacional como uma capa e só gostar do telejornal na metade em que falam da selecção portuguesa de futebol, então eu não sou patriota.
(E, já agora, a solução para a crise se calhar passa pela taxação dos salários pornográficos de alguns futebolistas. Fica a sugestão, peguem nela se quiserem.)
(E, já agora, a solução para a crise se calhar passa pela taxação dos salários pornográficos de alguns futebolistas. Fica a sugestão, peguem nela se quiserem.)
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