De quando em vez,
Quando parece tudo deserto,
Eu espero por tua vez,
"Vamos para lugar incerto!"
Não vou eu por aí.
Calam-me as penúrias do sossego,
A caminho de Madrid,
Onde eu já nada nego.
E assim vamos para lá.
Da Argentina a Venezuela,
No Brasil, ao Pará,
E cais sempre nos braços dela.
Aquela índia que não magoa,
Diz agora que lhe doi aqui e ali,
Que a manhã a enjoa
E foi a última vez que te vi.
Entregaste-te aos braços dela,
Essa mulher de nome de cidade.
Há quem diga, não eu, que é bela.
Apenas a acho cheia de maldade.
Não vou para lugar incerto,
Incerto não é meu amor.
E nosso destino fica aberto,
Quais asas do esvoaçante condor.
Verás outras índias, um índio, quiçá.
Mas nenhum deles será tão belo,
Tão arrojado e tão singelo,
Como os tempos passados no Pará.
E lerás a história que me contavas,
Que a não sabes já de cor.
Sereno, para a índia dormente olhavas,
Enquanto com aquela faca espetas o teu amor.
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